A Revista

Coniunctio é uma revista brasileira de Psicologia Analítica e Religião, idealizada por sua editora Drª Sonia Lyra. O periódico científico de publicação anual, é mantido e distribuído com exclusividade pelo ICHTHYS Instituto. A inspiração para o nome desta revista vem da obra Mysterium coniunctionis, de Carl G. Jung, que aponta para a união dos opostos que compõem a fenomenologia paradoxal do Si-mesmo, sendo essa a totalidade humana. Tal concepção traz consigo a ideia central de toda a alquimia antiga: a produção do ouro, ou seu equivalente simbólico, como meta da obra. A coninunctio é, pois, tanto parte do processo como o seu resultado final.

O ano de 2012 marca o lançamento da revista, publicada em fascículo semestral de formato digital. A edição foi composta por estudos como: Uno e trino – a visão de Deus de Nicolau de Cusa; A nona bem-aventurança; Sonhos, e Função compensatória dos sonhos. Em 2013, entrega ao público um dossiê especial com ‘A técnica aprimorada da Imaginação Ativa e Bruxismo’, publicação de relevância internacional, e um divisor de águas na história do ICHTHYS Instituto e na carreira da Drª Sonia Lyra. Tais edições são um presente para os nossos leitores, e estão publicadas na íntegra no site.

Com versão totalmente renovada, a revista retorna no ano de 2020 em publicação especial impressa. A edição apresenta estudos inovadores da ‘Técnica da Imaginação Ativa’, reconhecida internacionalmente através das pesquisas empreendidas pela Drª Sonia Lyra. Todos os artigos desta obra, estão voltados a divulgação científica da aplicação e dos efeitos da Imaginação Ativa nos casos de: Transtornos do estresse pós-traumático; Enxaqueca; Síndrome de burnout; Fibromialgia; Câncer de mama; Transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e, Transtorno do orgasmo feminino.

No lançamento da edição ‘Sonhos’ de 2021, a Coniunctio entrega a seus leitores e interessados, um refinado estudo sobre as facetas do drama onírico em sua multiplicidade de tramas e cenários. Advindas das camadas mais profundas da alma, a linguagem dos sonhos tem caráter poético e simbólico, ainda incompreensíveis a consciência do homem contemporâneo.

A Drª Sonia Lyra apresenta com seus autores, um trabalho que honra o ICHTHYS Instituto, nos ensaios: Sonhos de Akira Kurosawa; Quando os deuses Invadem os Sonhos; Nékya: Sonhos de Descida; A vocação de São Francisco de Assis; Uma abordagem exploratória à exegeses de Philip K. Dick; Uma abordagem exploratória à exegeses de Philip K. Dick; O chamado para aventura heroica; Quando uma voz fala nos sonhos; Quando uma voz fala nos sonhos; Sonhos no xamanismo.

A próxima edição que já está sendo preparada, propõe uma viagem pelos mistérios dos conhecimentos milenares da Alquimia, essa arte secreta que lança suas raízes na profundeza dos séculos. O ICHTHYS Instituto, essa casa do conhecimento, abre as suas portas para receber novos autores.
EDITORIAL

O nome ‘Coniunctio’ é inspirado na obra Mysterium coniunctionis, de Carl G. Jung, que aponta para a união dos opostos que compõem a fenomenologia paradoxal do Si-mesmo, sendo essa a totalidade humana. Tal concepção traz consigo a ideia central de toda a alquimia antiga: a produção do ouro, ou seu equivalente simbólico, como meta da obra. A coninunctio é, pois, tanto parte do processo como o seu resultado final.

O significado prático da coniunctio como imagem fundamental para a alquimia, no entanto, foi comprovado mais tarde, “em outro nível da evolução, mas além disso ela também possui um valor equivalente na esfera anímica: o papel que desempenhou na alquimia em relação às coisas incompreensíveis da matéria é o mesmo que desempenha em relação à descoberta das coisas interiores, obscuras, da vida anímica. Aliás, a sua eficácia em relação ao mundo material jamais se teria desenvolvido, se já não possuísse de antemão um poder de fascínio capaz de prender o espírito do pesquisador em sua linha diretriz. A coniunctio é uma imagem apriorística. Desde os primórdios, ocupa um lugar da maior relevância no desenvolvimento do espírito humano. Remontando à sua origem, vamos encontrar, dentro da alquimia, duas fontes das quais derivam essas ideias: uma cristã, outra pagã. A fonte cristã é incontestavelmente o ensinamento de Cristo e da Igreja, o do sponsus et sponsa (esposo e esposa), sendo que a Cristo cabe o papel de Sol, e à Igreja, o de Luna. A fonte pagã é o hierosgamos (a hierogamia), por um lado, e, por outro, a união conjugal do místico com a divindade” (Lyra, 1999: 22)[1].

A intensidade das oposições que ocorrem antes de cada coniunctio vem expressa em imagens simbólicas, as quais representam diferentes aspectos psíquicos, como: fogo/água, altura/profundidade, vida/morte, consciente/inconsciente, Sol/Lua etc. As oposições nascem naturalmente da necessidade original de “levar o mundo ‘uno’ do estado da potencialidade ao estado de realidade” (Jung, 1990: 324)[2]. Tais imagens representam também um drama arquetípico que se oculta na coniunctio oppositorum, cujo efeito percebe-se nos afetos violentos que assaltam corpo e alma, mas que são também a condição da possibilidade de um esclarecimento acerca dos conteúdos projetados. A vida acordada da alma denomina-se consciência e esta anseia pelo oposto que lhe cabe, que é algo escuro, latente, não manifesto, isto é, inconsciente. A combinação desses elementos advinda de um esforço consciente, a prática adequada da Imaginação Ativa, por exemplo, poderá ser entendida corretamente como autoconhecimento.

Tendo em vista que a característica central do inconsciente é a sua capacidade de criar imagens, essas imagens personificam conteúdos latentes que podem vir a ser assimilados e integrados à consciência. Com isto fica claro que a consciência e sua ampliação se dão através de iluminações (insight) e inspirações ocorridas repentinamente pela coniunctio, que se forma a partir do inconsciente.

A atenção constante que se requer para a criação das coniunctios são também uma religio ou atitude de devoção para com o processo de integração dos opostos. Deste modo, os conceitos em psicologia e religião constituirão apenas um sistema doutrinário morto se não forem novamente, e a cada vez, fecundados pela união de duas metades. É por pensar desse modo que Jung escreve em Psicologia da religião oriental e ocidental: “Não espero que nenhum cristão crente siga o curso dessas ideias, que talvez lhe pareçam absurdas. Não me dirijo também aos beati possidentes (felizes donos) da fé, mas às numerosas pessoas para as quais a luz se apagou, o mistério submergiu e Deus morreu. Para a maioria não há retorno possível e nem se sabe se o retorno seria o melhor. Para compreender as coisas religiosas acho que não há, no presente, outro caminho a não ser o da psicologia; daí meu empenho de dissolver as formas de pensar historicamente petrificadas e transformá-las em concepções da experiência imediata” (Jung, 1980: 148)[1].

Em todo caso, o que significa a união dos opostos é algo que ultrapassa a imaginação humana, mas mesmo essa ultrapassagem ocorre ao modo de salto, conforme propõem filósofos e teólogos como Kierkegaard e Nicolau de Cusa.

Sonia Lyra
Editora

 

[1] JUNG, C. G. (1980). Psicologia e religiãoOC, 11/1. Petrópolis: Vozes.

[1] LYRA, S. R. (1999). O elixir vermelho…muitos falam de amor… Petrópolis: Vozes.

[2] JUNG, C. G. (1990). Mysterium coniunctionisOC, 14/2. Petrópolis: Vozes.

EQUIPE EDITORIAL

Sonia Lyra

Diretora do Ichthys Instituto e da Revista Coniunctio, a Profa. Dra. Sonia Lyra é graduada em Psicologia / PUC-PR/CRP 08/0745. Analista Junguiana membro do IJPR (Instituto Junguiano do Paraná), da AJB (Associação Junguiana do Brasil) e da IAAP (Internacional Association for Analytical Psychology).

Doutora em Ciências da Religião/ PUC/SP com a Tese: Nicolau de Cusa: Visão de Deus e Teoria do Conhecimento; Pós Doutora em Filosofia/ UFPR com a Tese: Kierkegaard: Obras Pseudonímicas e Edificantes; Mestre em Filosofia/ PUC/PR com a Dissertação: Jung leitor de Nietzsche: acerca da “morte de Deus”; Pós Graduada em Fotografia, Imagem e Movimento pela UP/PR. É Professora e Coordenadora de Cursos de Extensão e Pós Graduação do Ichthys Instituto.

Renata borges

Psicóloga Clínica. Candidata a analista pelo IJPR/AJB (Instituto Junguiano do Paraná / Associação Junguiana do Brasil).  Pós-graduada na técnica da Imaginação Ativa (ICHTHYS Instituto). Pós-graduada na Formação da Personalidade de Carl G. Jung (ICHTHYS Instituto). Pós-graduada em Counseling (IATES). Professora em programa de pós-graduação em Psicologia Analítica. Membro da equipe editorial da revista Coniunctio. Membro do Departamento de Psicologia Analítica e Imaginação Ativa da AJB.

conselho EDITORIAL

Me. Adelaide Pimenta

Dra. Anna Hartmann Cavalcanti

Dr. Antônio Edmilson Paschoal

Dr. Enio Giacchini

Esp. Maria Luiza Zanellato

Esp. Renata de Almeida Borges

Dra. Renata Chinda

Dr. Rodrigo Coppe Caldeira

Dra. Sonia Lyra